segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

O que há para aprender depois da reprovação?

Apoio
Mudanças na rotina do estudante requerem estratégia e parcerias
Conscientes da necessidade de apoiar o filho, o próximo passo aos pais de alunos que reprovaram de ano é o de identificar as falhas cometidas, e definir junto da instituição o que têm de mudar para que a aprendizagem seja efetiva.
Em alguns casos, a troca de ambiente pode ser fundamental. Por isso a mudança de professor é sempre uma alternativa a ser discutida com a direção, diz a professora Lia Munhoz da Rocha, do Sion. Mesmo a mudança de escola não pode ser descartada quando os pais não estão seguros quanto à qualidade do ensino ou a adequação dos métodos da escola às necessidades do aluno.
Quanto à rotina doméstica, se o estudante não dedicava diariamente um tempo exclusivo para estudar, cabe aos pais incentivar a adoção desse hábito, preparando, por exemplo, um local mais adequado para a leitura, silencioso, bem iluminado e longe de distrações. “É importante estabelecer uma nova rotina de organização e estudos, oferecendo apoio e atenção, mas respeitando o desenvolvimento da autonomia”, diz a pedagoga do Colégio Marista Paranaense Mabel Cymbaluk.
Aos professores, cabe agir com sabedoria ao dedicar atenção especial aos que mais precisam, sem exagerar ao ponto do aluno se constranger por ser “cuidado demais”. Vale lembrar que o fato de um repetente já ter visto o conteúdo não significa, necessariamente, que ele sai com vantagem em relação aos demais colegas. Segundo a coordenadora do ensino fundamental II do Colégio Expoente, Cláudia Ellen Procópio, cada estudante tem o próprio ritmo para aprender e isso sempre exige um apoio mais específico.
Tome nota
Melhor do que superar a reprovação é evitá-la. A reportagem perguntou a diversos educadores quais os hábitos de estudo mais eficazes para passar o ano inteiro bem longe das notas baixas. Veja as dicas:
• Dedicar entre uma e duas horas diárias apenas ao estudo, mesmo que não haja lição de casa. Nesse tempo, o estudante pode reler o conteúdo de aulas passadas, fazer exercícios ou mesmo assistir a vídeos relacionados às matérias que está vendo na escola;
• Anotar todas as dúvidas assim que elas apareçam. Isso fica mais fácil quando se usa um pequeno bloco de anotações exclusivamente para esse fim;
• Estabelecer as notas altas como meta pessoal em todos os bimestres, sem dar crédito à perigosa ideia de que os pontos perdidos nos primeiros meses podem ser recuperados no fim do ano;
• Evitar ao máximo as faltas, e quando ocorrerem, procurar logo em seguida o professor ou os colegas para se atualizar sobre o conteúdo perdido;
Contribuíram os colégios Sion, Marista Paranaense, Expoente e Dom Bosco.

Quando o adolescente Alexandre Moreira Senter, 14 anos, reprovou o 9.º ano em 2011, seus hábitos eram muito diferentes daqueles que mantêm hoje. Ele gastava até dez horas de seu dia em jogos no computador, tinha uma alimentação nada saudável – chegou a pesar 102 kg –, e a gentileza com a família passava longe de ser uma preocupação. A notícia da repetência caiu como uma bomba na vida do estudante, mas da crise surgiu um irreconhecível (e melhorado) garoto. Dois anos depois da experiência, o aluno do Colégio Marista Paranaense pesa 62 quilos e admite com orgulho que a rotina diária de estudos não lhe deu apenas boas notas, mas qualidade de vida.
O exemplo mostra que a incômoda situação de estudar novamente tudo o que já foi visto no ano anterior pode resultar num amadurecimento importante para o repetente se pais, amigos e escola ajudarem na ênfase da oportunidade em vez de encarar a reprovação como pena a ser cumprida.
No caso do adolescente, as aulas particulares providenciadas pelos pais foram de grande ajuda, mas não teriam surtido o mesmo efeito se o próprio estudante não tivesse se determinado a mudar. “Chegou a um ponto em que comecei a pensar como seria no futuro se continuasse daquele jeito. Aí falei para mim mesmo que tinha de mudar e resolvi começar o ano sendo diferente”, conta. Ele admite que toda sua família já havia alertado sobre os maus hábitos que mantinha. No entanto, foi a reprovação que despertou a força de vontade necessária para melhorar.
O pai do estudante, Fa­biano Senter, confirma a história, e diz que junto das notas altas veio o bom relacionamento com a família. “O ano em que ele repetiu foi complicado, mas nós sentimos a mudança dele e tudo melhorou. Até a parte pessoal”.
Autoestima
Para pedagogos, trabalhar a autoestima do repetente é tão importante quanto traçar estratégias de estudo. Nada de comparações com o desempenho dos irmãos, ou lembranças constantes do porque ele está tendo de rever o conteúdo. Isso não significa, no entanto, que se deve esquecer as falhas do ano anterior. “É importante elogiar os pontos positivos da criança e fazer uma relação com aquilo que ela pode melhorar”, diz Lia Munhoz da Rocha, coordenadora pedagógica do Colégio Sion – Solitude.
Um obstáculo a ser vencido para garantir a motivação do aluno é o sentimento de exclusão dentro da sala de aula. Estudar junto de colegas mais novos, que muitas vezes conhecem a história do repetente, pode ser bastante intimidador. Por isso, os pais devem se preocupar com mais do que a adoção de uma nova rotina em casa, diz a orientadora educacional do Colégio Dom Bosco, Angela Candeo. “É importante incentivar os laços de amizade com os colegas atuais, pois isso evita que ele se sinta diferente dentro da sala de aula”.

fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/educacao/conteudo.phtml?tl=1&id=1444654&tit=O-que-ha-para-aprender-depois-da-reprovacao

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